ORGANIZAÇÃO SINDICAL DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO SETOR FINANCEIRO: LUTA TRABALHISTA OU PROJETO REVOLUCIONÁRIO?
Resumo
O objetivo do trabalho é investigar se há intensificação das disputas sindicais direcionadas a um processo de enraizamento da práxis revolucionária em um dos setores estratégicos da economia, isto é, nos movimentos trabalhistas nucleares ao funcionamento do sistema financeiro. Para tal, investigou-se o processo de disputa sindical em uma autarquia pública federal que compõe o sistema financeiro nacional. Por meio de pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas com sete representantes sindicais, foram analisados os desdobramentos do pleito eleitoral de 2015 e, posteriormente, foi investigada a percepção dos dirigentes eleitos acerca da luta trabalhista e do projeto revolucionário. Da análise dos dados, mediante Análise de Conteúdo, verificou-se que, apesar da instituição investigada ser peça-chave para garantir a devida liquidez operativa do capital e, portanto, ocupar papel central na estratégia de lutas da classe trabalhadora, não houve intensificação das disputas sindicais direcionadas a um processo de capilarização do movimento classista. Desta forma, a presente pesquisa põe luz à situação da luta sindical no país, que durante as últimas décadas se colocou progressivamente pacificada pelo capital, instaurando à unilateralidade das conquistas via canais institucionais. Ainda que esta estratégia tenha criado melhores condições de vida às classes assalariadas, em contrapartida, fez com que os sindicatos perdessem sua capacidade organizativa de resposta aos imperativos do capital e deixassem de construir as estratégias/articulações políticas com horizonte à emancipação humana. O presente artigo buscou contribuir com a diversificação das pesquisas em Administração no Brasil que, por vezes, restringem os estudos sobre organização à análise da empresa – vista como um todo harmônico e estruturado em torno de um objetivo comum.